Falar de "sustentabilidade" hoje em dia é comum e chega até a ser clichê, porém, não há como negar a importância da inclusão deste tema nas diversas reflexões sociais atuais.
Falar de "graffiti" hoje também ficou mais fácil e prazeroso, visto a maior aceitação e disseminação dessa arte pelas entranhas da cidade, principalmente se tratando desta megalópole que é São Paulo.
Mas o que esses dois temas podem ter em comum? Como juntar expressões artísticas e atitudes sustentáveis num mesmo diálogo?
Uma resposta para essas indagações foi dada no "Pimp My Carroça", evento idealizado pelo graffiteiro Mundano, que integrou as ações da Virada Sustentável 2012 em São Paulo.
"Pimp My Carroça" foi uma espécie de paródia (bem mais aproveitável) de programas norte-americanos que transformam carros velhos em máquinas desejadas pelo alto consumo, porém, neste caso, Mundano turbinou carroças. Sim, simples carroças de catadores de materiais recicláveis que talvez não ganhem tal visibilidade, mas sem dúvidas nenhuma ajudam muito mais a desafogar os grandes centros urbanos gerando mais vida e movimento a eles.
Talvez essa atitude e junção saia mais do "cliche" do debate, pois insere ai uma discussão pouco valorizada que é a ação sustentável de pessoas das baixas camadas sociais que vão muito além do uso de "ecobags" e discursos ocos do viver bem...
E põe sustentável nisso, até porque é destas atividades de reciclagem que catadores sobrevivem e levam o sustento à suas famílias e de lambuja, livram a cidade de toneladas de materiais que poderiam ser prejudiciais.
Seria uma ação para ser levada mais em conta pelo Estado, pois gera muito lucro e faz girar uma economia de fato sustentável.
Mas se o Estado não faz e finge que não vê, o graffiti faz questão de ressaltar e propagar essa atitude positiva de reciclagem.
Foi com esse intuíto que o Coletivo Muros que Gritam somou nesta atividade do último domingo, pintando as carroças dos catadores e lixeiras, expondo nessas pinturas seu ponto de vista crítico sobre a realidade urbana, seja ela em qualquer temática.
No Pimp My Carroça, o Muros que Gritam expressou seu grito de renovação, seu grito por uma reciclagem da cidade, seja em seus materiais produzidos, sejam nas suas ideias praticadas.
O MQG apoia iniciativas assim, que gritem por algo novo, que de voz a demandas ignoradas e é com essas atitudes que se constrói a identidade deste coletivo, que pretende muita coisa além de pintar com spray.
Texto: Alan Alvico.
Fotos: Renato Ursine, Internet.